Barragens Portugal
Setembro de 2024 apresentou um cenário mesclado no que diz respeito à situação das barragens em Portugal. Apesar das chuvas significativas registadas no primeiro semestre do ano, particularmente devido à passagem das depressões Hipólito e Irene, as albufeiras nacionais não registaram um aumento substancial nos seus volumes de água armazenada. A Barragem de Alqueva, no Alentejo, destacou-se uma vez mais pelo seu papel crucial no equilíbrio hídrico do país, especialmente nas regiões a sul.
Segundo os dados divulgados pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), no final do verão, as albufeiras públicas nacionais atingiram um armazenamento médio de 71% da sua capacidade total, que é de 9.312 hm³.
Embora este valor possa parecer satisfatório à primeira vista, não é suficiente para garantir a sustentabilidade dos diversos usos da água, sobretudo no setor agrícola, que depende fortemente dos recursos hídricos para o regadio.
A Barragem do Alqueva, o maior lago artificial da Europa, continua a ser o principal reservatório hídrico no sul do país, desempenhando um papel fundamental no abastecimento de água para o regadio, consumo humano, industrial e produção de energia.
Contudo este imenso reservatório, que cobre 130 mil hectares de regadio, foi essencial para o aumento de água nas albufeiras das bacias hidrográficas do Guadiana, Sado e Algarve, que registaram um acréscimo de 562,7 hm³ em relação ao mesmo período de 2023. De destacar que, deste valor, 466 hm³ foram fornecidos diretamente por Alqueva.
Sem a presença deste reservatório, a situação seria mais preocupante, sobretudo porque as bacias hidrográficas do norte do país, como as dos rios Lima, Cávado, Douro e Tejo, registaram quebras significativas no armazenamento, com uma redução total de 211,7 hm³.
Barragens Portugal
Portanto esta discrepância entre o norte e o sul do país reflete-se nos dados providos pelo SNIRH, que indicam que apenas 25% das albufeiras monitorizadas têm disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total, enquanto 22% apresentam volumes inferiores a 40%. O volume de água total armazenado a 23 de setembro de 2024 era de 71%, um valor de -0,88% inferior ao registado na semana anterior.
Em conclusão no contexto da agricultura, o sistema de regadio de Alqueva foi responsável pelo abastecimento de cerca de 250 hm³ de água até meados de setembro, irrigando uma área de quase 123 mil hectares, sendo este o volume mais baixo desde 2018. Este valor, embora suficiente para garantir a subsistência das culturas agrícolas na região, é um reflexo das condições climáticas extremas e do aumento da procura de água para o regadio.
Em suma por outro lado, a situação nas bacias hidrográficas a norte do Tejo continua a ser motivo de preocupação. A falta de chuvas regulares e o período prolongado de seca tem contribuído para a diminuição das reservas de água em regiões como o Lima, Cávado e Douro. Mesmo nas poucas albufeiras que registaram um aumento nos seus níveis de água, como nas oito da bacia hidrográfica do Mondego, o incremento foi marginal, com apenas 14,5 hm³ adicionais em relação ao ano anterior.
Fonte: Tempo PT.