Sete Fontes

Braga possui um ancestral sistema de abastecimento de águas, uma obra hidráulica do século XVIII. É conhecido como Sete Fontes, que em breve será um parque de usufruto público com uma área florestal privada, praças, pequenas edificações, várias entradas e circuitos pedonais.

As Sete Fontes, ou Aqueduto de Braga e Aqueduto das Sete Fontes, como também são designadas, localizam-se nas freguesias de São Vitor e Gualtar, cidade e município de Braga, distrito do mesmo nome, em Portugal. Encontram-se classificadas como Monumento Nacional desde 25 de maio de 2011. Foi o principal sistema de abastecimento de Braga até o início do século XX.

As Sete Fontes, como o nome indica, constitui um conjunto significativo de nascentes de água criado no século XVIII e que foi concebido para captar, conduzir e abastecer a cidade de Braga. Desde os tempos de Bracara Augusta, a principal razão geradora de expectativas para o local relacionava-se única e exclusivamente com o aproveitamento de água potável que brotava das mães-de-água. Ao longo da história foram inúmeros e continuados os esforços de gerações e gerações de bracarenses em manter e potenciar este recurso.

As Sete Fontes remontam à época da invasão romana na Península Ibérica, nomeadamente da fundação de “Bracara Augusta”, como testemunham algumas escavações arqueológicas.

O atual sistema foi construído por ordem do então Arcebispo de Braga, D. José de Bragança, no século XVIII.

Ao assumir o cargo em 1703, como uma das suas primeiras medidas, D. José de Bragança foi “pedir esclarecimentos à Câmara do estado dos muros da cidade e sobre o estado do fornecimento da água”. À época já haviam sido descobertos vários mananciais de água potável no atual lugar das Sete Fontes. D. José determinou que, em Braga, a partir daqueles lugares, se iniciassem as obras de Engenharia Hidráulica necessárias para trazer a água até à cidade.

A obra abasteceu Braga até 1913, quando a água do rio Cávado chegou até aos reservatórios de Guadalupe. Em 1934 o caudal do antigo sistema foi estimado em 500 m3 por dia.

Ainda hoje existem casas onde a água das Sete Fontes chega, numa forma de antigo Direito chamada “penas de água” (medida do diâmetro da torneira). A maioria das fontes, fontanários e chafarizes da cidade ainda são abastecidas por este sistema.

O manancial é constituído por sete fontes, quatro delas com edificações de planta circular em pedra aparelhada e teto em abóbada (“mães d’água”), a que se somam minas abertas na pedra com condutas e galerias. A conduta principal nasce na primeira “mãe d’água” e prossegue, captando as águas das demais minas e mães d’água até ao Areal, onde existia a última mãe d’água. Esta última e parte do canal, foram destruídas em nossos dias por uma construtora civil para dar lugar a blocos habitacionais.

O canal prossegue pela rua do Areal, Largo de Monte d’Arcos, Rua de São Vicente, Rua dos Chãos até ao atual Largo de São Francisco, onde existia uma mãe d’água distribuidora para as ruas da cidade, mais tarde escritório de uma companhia de seguros e que em 2019 foi transformada numa pastelaria.

A infraestrutura que durante centenas de anos abasteceu Braga será o coração do programa do Parque das Sete Fontes. Os cerca de 30 hectares de parque resultam do Estudo Urbanístico em curso, do objectivo de assegurar a conservação e valorização do Monumento Nacional, assim como da salvaguarda do abastecimento de água à infra-estrutura, respeitando a definição da Zona Especial de protecção do monumento.

Em 2014 foram feitas obras de restauro no complexo. A obra, orçada em 55 mil euros – com 85 por cento de financiamento pelo Feder -, consistiu na limpeza e reposição dos rebocos conforme o aspecto original, preservando a integridade do Complexo das Sete Fontes e a integração harmónica entre a parte construída ou o natural paisagístico que a envolve. Efectuou-se ainda a reposição de um brasão em pedra sobre uma das mães de água e substituíram-se diversas portas exteriores.

ALEXANDRE LOPES

Engenheiro Sanitarista formado em 1987 pela Escola de Engenharia Mauá. Pós-graduado em administração e com 30 anos de experiência em management, desenvolvimento de negócios, planejamento estratégico, operações de reestruturação, fusões e aquisições, gerenciamento de projetos, gestão de pessoas, desenvolvimento de serviços de operações em sistemas de tratamento de água e efluentes.

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