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Grupo de cidadãos pede a Parlamento queixa na justiça por criação da Águas do Alto Minho

Imagem Ilustrativa

Os subscritores de uma petição pública pelo fim da Águas do Alto Minho pediram hoje em audição parlamentar que a constituição da empresa, que consideram configurar “crime”, seja investigada pela Procuradoria-Geral da República.

Em declarações hoje à agência Lusa, no final da audição pela Comissão de Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local, os peticionários, que participaram na sessão através de videoconferência, disseram ter defendido a existência de “um crime evidente” na constituição a empresa que gere as redes de abastecimento de água em baixa e de saneamento básico de sete dos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo.

“Existe um crime evidente de usurpação de funções, quando o presidente de câmara, ou a vereação, usurpam competências exclusivas, não delegadas no executivo e que correspondem em exclusivo, pela sua relevância, e pela ordem jurídica, à assembleia municipal”, argumentaram os peticionários Pedro Costa, Paulo Esteves e Cláudia Labrujó.

Em causa está a empresa Águas do Alto Minho (AdAM), cuja atividade operacional teve início a 01 de janeiro de 2020.

A empresa de gestão das redes de abastecimento de água em baixa e de saneamento básico é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP) e em 49% pelos municípios de Arcos de Valdevez (PSD), Caminha (PS), Paredes de Coura (PS), Ponte de Lima (CDS-PP), Valença (PS), Viana do Castelo (PS) e Vila Nova de Cerveira (PS), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.

Três concelhos do distrito – Ponte da Barca (PSD), Monção (PSD) e Melgaço (PS) – decidiram não aderir à parceria.

Contactada pela agência Lusa, fonte da Águas de Portugal escusou-se a comentar o assunto.

Segundo os subscritores da petição pública iniciada em março de 2020, que pede a revogação do contrato de parceira e, o regresso daqueles serviços à gestão municipal, “quem, em nome deste órgão [assembleia municipal], se arroga de competências que não lhe competem e que nem lhe são, nem eram delegáveis, usurpou, de forma manifesta, as suas funções”.

“A verificar-se é um crime de natureza pública e vossas excelências como titulares de um órgão público, e havendo esta suspeição, o dever que têm, é proceder, pelo menos em termos de queixa, à entidade que poderá verificar, ou seja, Procuradoria-Geral da República. O silêncio, ação ou inação, será, exatamente, o mesmo, consequentemente jurídico. Não podem dizer que ignoram. A sessão da comissão da Assembleia da República foi gravada e será tornada pública no canal deste órgão de soberania”, adiantou o grupo de cidadãos.

Os peticionários dizem ter ainda solicitado aos deputados que compõem aquela comissão parlamentar que façam “esta preocupação e estas averiguações chegar a plenário da Assembleia da República”.

“Se tal não acontecer, denotamos então que não há vontade política de resolver a cessação efetiva desta parceria com as Águas de Portugal e os municípios do Alto Minho”, afirmaram os subscritores da petição “Pelo fim da empresa intermunicipal de Águas do Alto Minho”.

Águas do Alto Minho

Os peticionários adiantam que a comissão parlamentar ficou de “comunicar uma decisão” sobre o assunto.

“Não apontaram uma data, disseram que iam verificar a situação e que depois nos dariam alguma resposta. Vamos estar atentos. Face ao que nos for comunicado, decidiremos novas formas de mostrar o nosso desagrado relativamente a esta maléfica parceria”, frisaram.

A cobre “uma área de 1.585 quilómetros quadrados, e está dimensionada para fornecer mais de nove milhões de metros cúbicos de água potável, por ano, a cerca de 100 mil clientes e para recolher e tratar mais de seis milhões de metros cúbicos de água residual, por ano, a cerca de 70 mil clientes”.

A audição de hoje foi gravada e será transmitida, posteriormente, no canal da Assembleia da República.

Fonte: O Minho.

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